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Falling action: uma crítica a The Amazing Spider-Man

  • Foto do escritor: Marcelo Pedrozo
    Marcelo Pedrozo
  • 14 de mai. de 2021
  • 12 min de leitura

Uma crítica aos finais de ambos os filmes da série The Amazing Spider-Man (2012-2014), que utilizam uma estrutura narrativa que causa um estranhamento.

Sim, mais um texto sobre Marvel, o próximo vai ser sobre outra coisa, eu juro. Mas ao contrário dos últimos três, esse não é sobre WandaVision, na verdade não é nem sobre o Marvel Cinematic Universe. Esse texto vai ser sobre The Amazing Spider-Man (1 e 2), a série incompleta de filmes lançada em 2012 e 2014, que é a segunda versão do Homem-Aranha em filmes live-action americanos (sim, porque antes da trilogia dos anos 2000 aparentemente teve um filme japonês lançado nos anos 70).


Enfim, essa série só teve dois filmes e logo foi cancelada, dando lugar à terceira versão do personagem, dentro do Marvel Cinematic Universe, só dois anos depois. The Amazing Spider-Man acabou com milhares de pontas soltas, porque havia vários outros filmes planejados, só que aí eles cancelaram e nada disso foi pra frente.


Essa parte vai ser mais importante no fim do texto, mas de qualquer maneira não é isso que eu vou discutir aqui. As razões pelas quais os filmes foram cancelados são outras, e não quero entrar nelas, elas já são discutidas o bastante pela internet. Esse texto vai ser sobre um defeito bem específico dos dois filmes, que me incomodou bastante assistindo ambos, mas que está longe de ser uma das razões para o cancelamento, até porque esse defeito parece existir justamente para fazer o filme mais “acessível” para o público geral (nas mentes dos criadores, pelo menos). Mas vou falar disso depois.


Então, vamos falar sobre falling action. Esse é um termo em inglês que em tradução literal seria algo como “ação decrescente”, ou talvez “queda da ação”, e que se refere a justamente isso: o ponto de uma obra de ficção em que a ação está em queda. Ele acontece logo depois de a obra chegar a seu ponto máximo, que é o clímax da história.

Representado de forma bem didática nesse gráfico aqui.


Basicamente, primeiro tem a rising action (“ação crescente”), onde a tensão vai crescendo, até culminar no clímax, que é a grande parte da história, a parte em que a tensão está no máximo, é onde tudo culmina. Então, depois do clímax, tem a falling action, que é quando essa tensão que tinha chegado ao máximo vai diminuindo, e a história vai se encaminhando para o final.


Essa é uma explicação bem básica do termo, pra mais detalhes é só digitar “falling action” na internet. Tem inclusive umas discussões por aí do significado original do termo e tudo o mais, mas aqui eu estou falando da versão usual.


Inclusive, durante a minha pesquisa, um exemplo que eu achei em todos os lugares é o do conto de fadas da Cinderela. O clímax do conto é o momento em que o príncipe está provando o sapato nas irmãs e na Cinderela, já que é onde a tensão está em seu ponto máximo; e a parte de falling action começa com o sapato servindo no pé da Cinderela, já que a partir daqui os enredos estão se concluindo, até o final.


Tá, mas o que isso tem a ver com The Amazing Spider-Man?


É justamente sobre o ponto de falling action de ambos os filmes da série que eu quero falar aqui. Na verdade, sobre o momento pós-clímax da história, porque a verdade é que nenhum dos dois se encaixa muito bem naquele gráfico que eu botei ali em cima. Então o texto vai ser uma crítica a como os dois longas usam esse momento, que foge do conceito de falling action usual, e que causa uma sensação estranha ao assistir, devido ao uso mal feito da estrutura dramática.


Mas vamos recapitular os finais dos dois filmes então.

No clímax de The Amazing Spider-Man, Peter está indo parar o vilão do filme, o Lagarto, quando é parado pelo Capitão Stacy, policial pai da namorada dele, Gwen Stacy. O capitão força Peter a tirar a máscara do Homem-Aranha e descobre sua verdadeira identidade, ajudando-o na batalha contra o vilão, mas ficando mortalmente ferido.


Assim, quando Peter vai cuidar dele, as últimas palavras do capitão são um pedido: para que Peter se afaste de Gwen. Afinal, ele como Homem-Aranha fará inimigos, e o capitão não quer que Gwen acabe sofrendo as consequências disso. Peter então promete se afastar dela como o capitão pede.


E ainda nesse mesmo filme, é isso o que ele faz. Peter não vai nem ao velório do capitão, deixando Gwen esperando por ele, até que ela o confronta em sua casa. Peter diz que eles não devem mais se ver e Gwen deduz que seu pai o fez prometer que ficaria longe dela. Ela argumenta que essa escolha não é do capitão, mas Peter ainda insiste em cumprir a promessa.


Aí, o filme acaba com Peter chegando atrasado à aula, e prometendo que não fará isso de novo. Ele se senta atrás de Gwen, e a professora pede que ele não faça promessas que não pode cumprir. Peter responde então, para que Gwen ouça: “Mas essas são as melhores promessas”, dando a entender que ele não vai seguir o que o capitão Stacy pediu.


E essa é a última cena. (Tirando a do Peter como Homem-Aranha passeando por Nova Iorque, mas aí já não é tanto uma cena.)

Antes de resumir o final do segundo filme, vou contar algo do começo dele, para dar um contexto melhor ao final do primeiro: Peter e Gwen estão namorando, como a última cena deixou subentendido, mas Peter fica vendo o capitão Stacy aonde quer que vá, culpado, e decide se afastar de Gwen... de novo. E ela, brava, insiste que é ela quem está terminando com ele. Assim, os personagens estão de novo onde estavam logo antes do “essas são as melhores promessas”. Ou seja, o final do primeiro filme foi meio sem sentido, porque ele foi desfeito logo no começo do segundo.


Mas vamos ao final de The Amazing Spider-Man 2. O clímax do filme segue Peter e Gwen indo à usina elétrica da cidade para parar o vilão Electro. Gwen insiste em ajudar na luta, afirmando que essa escolha é dela, mesmo que Peter seja contra, por causa da promessa que fez ao capitão Stacy. De qualquer maneira, enquanto Peter enfrenta Electro, Gwen desliga a energia da cidade, o vilão é derrotado. Os dois se reúnem, mas aí aparece outro vilão: Harry Osborn, o antigo melhor amigo de Peter que em uma história bizarra envolvendo transfusão de sangue, uma doença hereditária e aranhas radioativas, se tornou o Duende Verde.


Ele chega ao local atrás do Homem-Aranha e ao vê-lo com Gwen, deduz que ele e Peter são a mesma pessoa. Harry então sequestra Gwen e sai voando com ela, Peter indo atrás. O Duende Verde a solta lá de cima, e ela cai em uma torre do relógio. Peter a segura com uma de suas teias, mas continua brigando com Harry, e consegue pará-lo, mas nisso a teia que segurava Gwen se rompe, e ela cai para sua morte.


Peter chora ao perceber que a deixou morrer e cortamos para o enterro dela. Aí há uma passagem de tempo meio confusa, mostrando Peter no túmulo de Gwen em cada estação. E a cena corta para Harry, com uma música sinistra, que arquiteta para que um criminoso que Peter prendeu no começo do filme seja solto.


Na casa de Peter, uma reportagem na TV anuncia que o criminoso que Harry soltou está de volta. O repórter também fala sobre como o Homem-Aranha está sumido há meses. Tia May dá um discurso para Peter sobre como ela lidou com a morte do tio Ben, incentivando-o a seguir em frente após a morte de Gwen.


Peter então vai assistir à gravação do discurso de Gwen na formatura, sobre esperança, e se convence a voltar a ser o Homem Aranha, salvando uma criança que foi enfrentar o vilão, Rhino, e o filme acaba nessa forma esperançosa, com o Homem-Aranha de volta e começando sua batalha contra o Rhino.

E... bom, vamos voltar um pouco. Como eu falei lá em cima, falling action é o momento que vem após o clímax, e sua função é concluir a história, abaixar a tensão, dar à trama um momento de respiro antes do final. É a tensão que foi construída durante todo o filme antes do clímax, agora diminuindo de novo.


E onde está o clímax de The Amazing Spider-Man e The Amazing Spider-Man 2? No primeiro, na luta contra o Lagarto e na morte do capitão Stacy. E no segundo, nas lutas contra Electro e Harry, e na morte de Gwen. Após isso, teoricamente, os filmes deveriam começar a falling action, a tensão deveria diminuir... certo?


Certo, mas não é isso o que acontece.


No primeiro filme, após o clímax, após a história supostamente estar se encaminhando para a conclusão, todo um novo arco é iniciado, com Peter se recusando a ficar com Gwen pela promessa que fez ao pai dela, e os dois brigando por causa disso, e Peter por fim decidindo não cumprir a promessa.


No segundo filme, após o clímax, Peter para de ser o Homem-Aranha após a morte de Gwen, enquanto Harry começa seus planos não explicados de formar o Sexteto Sinistro e liberta Rhino da prisão. Então Peter precisa passar por mais um arco, para entender que precisa manter a esperança mesmo após a morte de Gwen e continuar sua responsabilidade como Homem-Aranha.


Em ambos os momentos, a tensão deveria estar diminuindo, mas não é isso o que acontece. Após o clímax, novos arcos se iniciam, e têm sua própria estrutura narrativa. Um arco sobre a promessa que Peter fez, e um arco sobre a desistência dele de ser o Homem-Aranha e a superação da morte de Gwen. E esses arcos acontecem inteiramente após o clímax.


Quando a história deveria estar concluindo, ela começa um enredo novo! E conclui ele! É basicamente um novo filme, com sua própria estrutura narrativa, só que contado em 5 minutos.

Tipo isso.


E isso afeta o ritmo do filme de maneira indescritível. Porque a tensão volta a crescer após o clímax, e você não sabe muito bem o que é para sentir, porque ela devia estar diminuindo. Então quer dizer que aquilo não foi o clímax? Que a verdadeira batalha final ainda vai vir? Não fica claro. Não é simplesmente um gancho para o próximo filme (o que é algo normal), é um mini conflito começando e acabando no momento em que a história deveria estar se concluindo. E não só isso, como os arcos ficam apressados demais, porque eles precisam caber nos últimos cinco minutos.


E são arcos bons, esse conflito do Peter se deve ou não cumprir a promessa, e essa decisão dele de parar de ser o Homem-Aranha, mas nada disso é aproveitado direito, fica tudo jogado em pouquíssimo tempo com um ritmo bizarro.


E claro, é notável que os roteiristas perceberam isso. Porque o começo de The Amazing Spider-Man 2 recomeça o arco da promessa do Peter, desfazendo o desenvolvimento final dele (que era decidir ficar com a Gwen de qualquer maneira) e fazendo-o voltar atrás, deixando aquele final ainda pior, porque não serviu para absolutamente nada. Mas no segundo filme, esse arco pelo menos recebe alguma importância, como deveria, ele é trabalhado durante o filme todo e não em cinco minutos.


E daí vem a pergunta, se a equipe criativa aparenta ter percebido o erro e realmente deu alguma importância para esse arco no segundo filme, por que no final acontece a mesma coisa de novo, e um outro enredo dramático é mais uma vez concluído em cinco minutos? Porque afinal, se eles voltaram atrás no desfecho do primeiro filme, logicamente não deveriam cometer o mesmo erro de novo.


Acho que isso se deu por uma razão muito simples. Não queriam que nenhum dos filmes tivesse um final triste.

No primeiro, a conclusão lógica seria terminar com Peter e Gwen separados, para que o segundo filme explorasse a questão da promessa, se deveriam ficar juntos ou não. E no segundo, a conclusão lógica seria terminar com Peter ainda devastado pela morte de Gwen, para que no terceiro (que nunca veio), ele começasse tendo desistido de ser o Homem-Aranha e durante o filme decidisse voltar. Mas não, não dá pra terminar assim, porque não pode ter um final trágico!


Sim, porque essa é a única razão que eu consigo pensar para não só colocarem esse segmento no final que destoa do resto do filme e prejudica seu ritmo, como também fazerem isso de novo no segundo filme, mesmo depois de reconhecerem que fazer no primeiro foi um erro! Devem ter dado finais felizes porque queriam que os filmes tivessem um apelo comercial melhor. (E no fim eles foram cancelados.)


Só que isso prejudica toda a história dos longas. Não só pelas razões que eu falei aqui, pela estranheza de começar um novo arco depois do ponto alto da história e pela rapidez que esses arcos têm que ter... mas também porque invalida toda a tragédia dessa trama. Porque sim, mais do que qualquer outra iteração do Homem-Aranha no cinema, The Amazing Spider-Man é trágico, morre o tio Ben, morre o capitão Stacy, morre a Gwen, sem falar nos pais do Peter. Na primeira trilogia até tem várias mortes, só que ainda assim são filmes mais “alegres”, leves, esperançosos, pelo menos. Mas The Amazing Spider-Man não era tanto. E colocar essas mini tramas no final acaba com todo o apelo emocional dessas tragédias, fica um final feliz artificial.


No primeiro filme, era pra terminar com a tragédia do Peter terminando com a Gwen para cumprir a promessa, pro segundo longa explorar isso. Mas não, a gente não pode deixar eles separados, o público não vai gostar! Então vamos colocar um final totalmente aleatório com uma piada na última cena que ridiculariza todo o discurso de morte do capitão Stacy! Ele morreu? Sim, mas a tragédia maior era que os dois não podiam ficar juntos, mas eles vão ficar, fiquem tranquilos! Eba! Final feliz!

E no segundo filme, em que a Gwen morre, o Peter chora a morte dela desesperado, corta pro funeral, corta pro Harry fazendo coisas de vilão aleatórias e aí é só o Peter assistir o vídeo do discurso de formatura que tá tudo certo! Cinco minutos depois da morte da Gwen um discurso sobre esperança faz o Peter superar tudo!


O impacto emocional das duas mortes foi completamente invalidado, você tem que sair do cinema felizão mesmo a Gwen tendo morrido dez minutos antes em uma cena super triste. Por causa de um arco de superação que dura cinco minutos! Fica artificial demais. A Gwen acabou de morrer mas essa tragédia não tem impacto nenhum, porque do nada já tá todo mundo feliz de novo.


E dá pra ver que é só pra não terminar num final triste mesmo porque, no segundo filme, o “final feliz” do primeiro é desfeito, o Peter volta a se preocupar com a promessa e eles terminam de novo. Então aquele final lá era só pro público, durante o tempo entre os dois filmes, achar que deu tudo certo no final, mas quando começa o filme 2, a história volta a seu caminho natural.


Inclusive, não duvido nada de que se houvesse um The Amazing Spider-Man 3, ele traria um Peter com dúvidas se devia ser ou não o Homem-Aranha de novo, voltando ao estado inicial pós-morte da Gwen e neutralizando aquele arco do fim do segundo filme, assim como o segundo fez com o primeiro. Não que eu fosse reclamar, porque seria uma maneira muito melhor de encarar a morte dela.


E ok... no final, isso até foi pra melhor, porque a franquia foi cancelada e aquela última cena do segundo filme realmente é épica, e um bom final para a franquia, com a mensagem de esperança do Homem-Aranha e tudo o mais. Mas como é dez minutos depois da coisa mais trágica que podia ter acontecido, não funciona. (Inclusive assistindo com o conhecimento de que a franquia foi cancelada, parece muito que o filme ia terminar triste, como devia ter sido, e os executivos chegaram e falaram “opa, a gente vai cancelar, bota um final feliz aí”).

Inclusive, pra mim, a questão do segundo filme – a morte da Gwen – tinha duas soluções pra não ter perdido o impacto. A primeira, óbvio, era terminar triste mesmo, é uma história trágica, então é um final que faria sentido. Mas não era o único jeito.


Também dava pra simplesmente realocar a morte da Gwen. Em vez de morrer no clímax do filme, ela poderia morrer no final do segundo ato (pra quem não sabe, cada ato seria mais ou menos um terço do filme), sei lá em que momento específico porque nessa parte o Harry ainda não tinha ganhado sua transformação-de-vilão-obrigatória-de-filme-do-Homem-Aranha, mas era só dar um jeito, mexer um pouco no enredo e funcionaria. Até porque, tipicamente, o fim do segundo ato é o momento em que o personagem está em seu pior estado, então... faria sentido.


Daí o terceiro ato seria sobre isso, sobre o Peter entender que ele precisa manter a esperança mesmo com a morte da Gwen, e que sua responsabilidade é continuar protegendo a cidade. E na batalha final ele voltaria triunfante e derrotaria Electro/Harry/sei lá. Desse jeito, não só o arco da aceitação não teria sido jogado pros cinco minutos finais, como teria sido explorado durante a história principal, e não num epílogo separado e aleatório.


Bom, era isso. Eu só queria fazer essa crítica mesmo sobre esses finais porque eles me chamaram muito a atenção enquanto eu estava vendo os filmes. Os mini-enredos-pós-clímax começavam e eu ficava muito confuso, “como assim? A história já não era pra estar acabando? Por que tem um novo conflito surgindo? Isso é um conflito grande ou pequeno? Vai ser resolvido nesse filme ou no próximo? Como é pra eu me sentir?” e foi uma confusão bizarra em que a tensão aumentava pra nada. Mudanças na estrutura narrativa são bem vindas, porque ninguém merece todo filme seguindo a mesma fórmula, mas essa não funcionou.


Antes de acabar o texto, vou mencionar outra obra em que isso acontece. É no terceiro livro da série Miss Peregrine's Home for Peculiar Children, Library of Souls. Eu adoro o livro, mas o último capítulo inteiro (são capítulos relativamente grandes) se passa após o conflito ter sido resolvido, depois do clímax, e todo um novo conflito é criado, e, assim como em The Amazing Spider-Man, a tensão sobe só pra descer de novo logo depois. (E a resolução desse conflito final, aliás, é com o maior Deus Ex Machina que eu já vi. Mas isso não tem nada a ver com o texto.) É um epílogo jogado, assim como os dos filmes do Homem-Aranha.

Essas histórias se estendem mais do que deveriam, e infelizmente isso diminui sua qualidade. Nada que faça com que elas sejam ruins (porque mesmo The Amazing Spider-Man 2 tendo 300 defeitos, eu não consigo deixar de gostar do filme), mas era um problema evitável e que deixa um gosto ruim na boca depois de terminar.


Então fica o meu pedido, não transformem falling action em um mini combo de rising e falling action nos cinco minutos (ou vinte páginas) finais, por favor. Parece um problema não muito importante, mas no mínimo confunde o leitor/telespectador, em vez de fazer o que um final deveria, que é simplesmente concluir o enredo e não criar algo novo e concluir rapidamente só pra não deixar um fim triste.

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